Vocês tem curiosidade em saber como viviam as famílias capixabas no Século XVIII, ou seja, cerca de 200 anos atrás? Quem gosta de cultura e se amarra em visitar museus, não pode deixar de conhecer o Museu Solar Monjardim, localizado no bairro Jucutuquara, na cidade de Vitória!
O Museu Solar Monjardim está localizado numa chácara bastante arborizada, nas terras que restaram da antiga Fazenda Jucutuquara. São mais de 20.000m² de área verde, com diversas mangueiras bem frondosas, que proporcionam uma boa sombra – desde a entrada, passando pela rampa e até o casarão.
Subindo a rampa, logo à direita estão localizados 3 tipos de canhões que foram usados na conquista de várias colônias na África, Ásia e nas Américas, entre os Séculos XVII e XIX. São eles:
Caronada de Munhões: o primeiro a aparecer na foto abaixo era modelo padrão da marinha inglesa, projetada para ser uma peça de artilharia leve para uso em navios, fabricado por volta de 1782;
Canhão Padrão Armstrong: utilizado como canhão de caça em fragatas, tem origem inglesa e foi fabricado entre 1760 e 1820.
Canhão Tradição Fabril: de fabricação britânica, é um dos canhões de ferro mais antigos remanescentes no Brasil, sendo fabricado antes de 1660, no Século XVII.
O casarão colonial que abriga o museu teve sua construção iniciada em 1780 e no ano de 1816 passou a pertencer à família Monjardim – que utilizou o local até a década de 1940. Foi a primeira edificação a ser tombada como patrimônio nacional aqui no Espírito Santo.
O museu é administrado pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, e conta com monitores que nos auxiliam na visita, passando orientações importantes, que tem como objetivo a preservação da arquitetura colonial e do estilo de vida da época.
Antes de iniciar o tour pelo casarão, recebemos uma proteção para colocar nos pés, afim de proteger o piso, que é original da época. É proibido tocar nas peças de decoração ou sentar nas cadeiras, além de entrar nos cômodos, bloqueados por cordas – mas que não tiram a visão total do ambiente visitado. Fotos podem ser tiradas, mas sem o flash.
Recebemos a planta do casarão, com a identificação e resumo de cada cômodo. Dessa forma, não há a necessidade de um guia, porém, eles estão disponíveis para tirar dúvidas e contar sobre as curiosidades da época.
Começamos pela Sala de Visitas, onde se encontra uma mesa central, alguns quadros e diversos objetos de decoração. E uma curiosidade: no Século XIX era comum nessas casas, que a mobília fosse de fabricação nacional e as pratarias e louças fossem importados da Europa.
Ainda na sala, logo à direita estão localizados 3 cômodos: 2 Quartos de Hóspedes e 1 Quarto de Banho. Naquela época era costume “dar pouso” aos viajantes. Algumas figuras de destaque da nossa história passaram por lá, como o Naturalista Francês Auguste de Saint-Hilaire, o Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e o Padre Diogo Antônio Feijó.
Já no Quarto de Banho – o banheiro da época, provavelmente adaptado assim no Século XX, contém uma banheira, o vaso sanitário da época e urinóis.
Continuando a visita, chegamos no Escritório do Barão, um espaço voltado para a administração dos negócios e propriedades da família. Ali estão guardadas as condecorações concedidas pelo Imperador D. Pedro I ao Coronel José Francisco Monjardim, além de registros de negociações, armas e utensílios de uso pessoal.
Na Sala de Jantar era comum a presença de utensílios de copa e cozinha importados da Europa, demonstrando o status social do dono da casa. Na foto abaixo vocês podem ver uma cristaleira com peças de cristal lapidado e vidro moldado.
Anexa à Sala de Jantar está a Cozinha, que ocupa uma ampla área do casarão; ali estão diversos utensílios e ferramentas, já que boa parte dos alimentos consumidos eram produzidos na própria fazenda.
Visitamos o Quarto do Barão, um local bastante reservado na casa. A cama de casal presente neste cômodo pertencia à família Monjardim e foi doada ao museu. Percebe-se pelo tamanho da cama, como a baixa estatura era comum às pessoas da época.
Seguimos para a Varanda, bem ampla e que tinha como função garantir uma boa ventilação e fácil acesso aos demais cômodos da casa. De lá temos uma visão ampla da área externa e até a rua. No final está localizada uma Capela, adaptada em 1842 em razão da vinda do Padre Diogo Feijó, que permaneceu nesta residência por cerca de 5 meses. Ali estão algumas imagens, bancos e anexo uma Sacristia, onde eram guardados os objetos litúrgicos e a indumentária do Padre.
Depois de encerrar o tour na parte interna do museu, nos fundos podemos aproveitar um pouco da área verde do local. Na imagem abaixo, vemos a arquitetura externa do casarão, numa verdadeira viagem no tempo e na história do Brasil, não é?
Concluindo, tive uma experiência muito positiva na visita ao Museu Solar Monjardim e recomendo a todos que amam a cultura e gostam de conhecer um pouco mais da história do Brasil!
Antes de encerrar, um lembrete MUITO IMPORTANTE: ao visitar os pontos turísticos, não joguem ou deixem lixo nos locais. Ajudem a preservar o patrimônio que pertence a todos nós. O Meio Ambiente e o Terra Capixaba agradecem!